Metabolismo
No metabolismo do diclorometano estão envolvidas duas vias, a via maioritária, em que o diclorometano sofre ação do citocromo P450, e outra via que se deve à transformação por parte da glutationa (GSH), nomeadamente da glutationa S-transferase (GST).
O citocromo P450 (CYP2E1) atua no diclorometano, transformando-o em cloreto de formilo, que é convertido a monóxido de carbono (CO). Esta via é privilegiada em situações de exposição doméstica ou ocupacional, isto é, de exposição a baixas doses do solvente, uma vez que esta via, apesar de ter menor capacidade, é a que tem maior afinidade.
Quando há exposição a níveis mais elevados de diclorometano, a via dependente do citocromo P450, por ter baixa capacidade, satura, sendo necessária a atuação da GST para o metabolismo, visto que esta via, apesar de menor afinidade, tem maior capacidade, comparativamente com a anterior.
Pela via da glutationa, a GST conjuga-se com o diclorometano, resultando na formação de dois metabolitos intermediários, a S-clorometilglutationa e o formaldeído, que apresentam toxicidade. O formaldeído é convertido a formato, que depois pode ser metabolizado a dióxido de carbono (CO2), que é eliminado.
Parte do cloreto de formilo produzido pela ação da CYP2E1 pode ser convertida a CO2 pela intervenção da glutationa e não dar origem a monóxido de carbono, apesar de esta via ser minoritária.
Segundo estudos feitos em ratinhos, sabe-se que estes metabolizam apenas 7% da dose administrada de diclorometano. Os ratinhos com exposição intravenosa e oral de diclorometano, CO2 e CO, após as taxas de eliminação pulmonar terem sido comparadas, indicaram ter sido a biotransformação, e não a absorção, o fator limitante que controlava a produção de CO2 e de CO. Estes dados confirmam que tanto o Cit P450 como a GST participam no metabolismo do diclorometano.
Existem, então, fatores que irão interferir no seu metabolismo por exposição oral:
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O transporte de diclorometano através de componentes aquosos do sangue para o fígado;
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A taxa de absorção e de distribuição dos sistemas enzimáticos Cit P450 e GST nos vários tecidos.
Fig.2 - Esquema representativo do metabolismo do diclorometano.
Adaptado de EPA: http://www.epa.gov/iris/toxreviews/0070tr.pdf (consultado em 28-05-2014).
Fontes:
TOXNET: http://toxnet.nlm.nih.gov/cgi-bin/sis/search/f?./temp/~lDWbpd:1 (consultado em 22-05-2014);
INCHEM: http://www.inchem.org/documents/jecfa/jecmono/v30je08.htm (consultado em 23-05-2014);
ATSDR: http://www.atsdr.cdc.gov/ToxProfiles/tp14-c1-b.pdf (consultado em 25-05-2014);
EPA: http://www.epa.gov/iris/toxreviews/0070tr.pdf (consultado em 28-05-2014).